segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

boarding

Para 2010 peço o dobro das milhas que acumulei este ano mas metade das vezes em que senti a falta dos amigos. 

don't break the silence

Há já muito tempo que deixei de achar os silêncios demasiado desconfortáveis. Para mim são apenas uma questão de prespectiva e a minha é cada vez mais a de que as palavras têm muito mais valor do que aquele que tanta vezes insistimos em lhes dar. Isto pode não ser perigoso no caso das pessoas que têm alguma dificuldade em articular ideias mas uma arma para os que facilmente nos convencem de coisas, que nos persuadem e nos levam com uma facilidade avassaladora a querer em coisas de que nunca nos lembraríamos por nós próprios. Como todos nós temos momentos de rara inspiração e eles aparecem quando menos se espera, opto invariavelmente pelo silêncio, não vá comprometer-me de forma remediável mas quase de certeza que embaraçosa num futuro não muito distante.

more time to do a little more


Eu e o Filipe criámos o hábito de disputar o 100% nos testes de matemática daquele ano. Pode perguntar-se - disputar? qual é a disputa se os dois podem ter 100%? - pois podíamos, mas a competição resolvia-se pelo cronómetro. Faltavam geralmente dez minutos para o fim da aula e já esperávamos ansiosamente pelo resultado da correcção que a professora iniciava sem demora assim que um de nós entregava a folha. 
Passaram alguns anos e a matemática passou a fazer parte da minha vida. Tudo parecia relativamente simples e definitivo. O resultado é único em muitos dos problemas matemáticos e quando não é, temos apenas de escolher aquele que faz sentido ou aquele que satisfaz o grau de exactidão que definimos à partida.
Acontece que as "fotografias" e os "textos" para consumo próprio entraram na minha vida e de repente deixei de ter projectos acabados, problemas resolvidos. Dou por mim com uma quantidade de fotografias para tratar, textos que gostava de rescrever e pequenas outras coisas que me vejo sempre tentado a iniciar de novo para conseguir nem que seja um resultado ligeiramente melhor.
Projectos inacabados. Só espero que a sensação não seja contagiosa e se fique apenas por este lado criativo.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

cozinha rápida


A um boarding pass, juntar um lonely planet e uma D90. Não é necessário misturar, basta servir a qualquer temperatura para obter boa disposição de forma imediata e duradoura.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

81 | parabéns

Num dos "meus" restaurantes de Lisboa, a noite era de festa apesar de ser só a três. A conversa ía animada e só por um mero acaso reparei nos dois à mesa do outro lado da estreita sala. O chegar dos pratos interrompia o silêncio e "alimentava" não mais que dois minutos de uma troca ligeira de palavras de circunstância.
Um amigo disse-me uma vez que o diálogo é tudo o que sobra um dia. Mesmo que não o tivesse feito eu percebia-o hoje, em dia de festa. Nunca me esquecerei disto cada vez que estiver à mesa num dos "meus" restaurantes de Lisboa.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

quando eu for grande

Coisas com e sem lógica, filosofias baratas ou académicas, teorias, filmes (que eu não conheço), livros (que não os clássicos), músicas, viagens, fotografias...
Coisas "daqui e dali", simples, porque não há tempo para complicar e a vida para alguns de nós parece invariavelmente curta demais.

samba no fado

Depois da "saga" no Brasil vencendo temperaturas negativas, comendo comida vegetariana e passando as noites fechada em casa, a Sandra encontrou uma nova morada. É certo que o exotismo não será o mesmo, mas não acredito que a monotonia se instale. Pelo menos a julgar por este post.

dia 1 - a primeira manhã



Era uma hora da tarde quando entrei finalmente no International Tourist Bureau da estação de comboios de Delhi. Depois de uma manhã passada entre falsos funcionários dos caminhos de ferro indianos, comissionistas de agências de turismo "oficiais" e turistas enganados, senti pela primeira vez que alguma coisa começava de facto a correr francamente bem. Talvez o sentimento tenha sido empolado pelo ar condicionado que me secou a pele, molhada desde o primeiro minuto após a saída do aeroporto. O que é certo é que naquele momento tudo aquilo me pareceu um tremendo oásis de organização e calma.
Vozes em português fizeram-me levantar os olhos do quadro dos horários que há uns bons minutos tentava decifrar em vão devido ao meu fraco conhecimento da rede de linhas e estações. Rapidamente interpelei os três estranhos que deviam ser pouco mais novos que eu. Uma conversa rápida, a troca de informação básica, o guia com os horários dos comboios, uma breve referência aos planos de viagem, bilhetes de comboio para todos, uma troca de contactos e um desejo franco de boa viagem à saída do recinto da estação.
Estava de novo sozinho nas ruas. Com uma máquina fotográfica na mão, dois bilhetes de comboio no bolso e umas tantas lições aprendidas à força num par de horas, a realidade ganhava finalmente forma à minha volta e eu começava aos poucos a fazer parte dela. Apanhei um rickshaw rumo à India Gate e desapareci no meio do trânsito caótico...

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

até já

Durante as próximas cinco semanas as entrevistas de emprego são apenas no local acima fotografado. E é quase dia 5.
(lamayuru)

domingo, 2 de agosto de 2009

quinta-feira, 30 de julho de 2009

obrigado Cabral


Aquilo a que chamaria pirosamente o pensamento do dia se o autor viesse de outro lado que não o Brasil. Assim basta ler apenas com sotaque:
"relaxa se nao, não encaixa"

o guia turístico

Acredito que todos aqueles que viajam sozinhos têm o secreto pensamento de voltar um dia a passar exactamente pelos mesmos sítios, sobretudo para os rever através do reflexo dos olhos de outros.

one week to go





Deitado ao comprido no banco de trás, conseguia apenas ver o céu que passava sobre a minha cabeça. Lembro-me sempre de imaginar como seria ter um veiculo ali mesmo, so para mim, que me deixasse ir planando lá no alto ao ritmo do carro e ver a paisagem duma perspectiva diferente. Adormecia sempre embalado pelo barulho da estrada e pelo pensamento.
As viagens de carro deram lugar às de avião e o novo alcance trouxe ainda mais encanto. As minhas memórias voltam quase sempre a um verão no Peloponeso onde, de chapéu encarnado e óculos de sol, já chateava mais o guia que qualquer um dos adultos. As viagens continuaram e os lugares sucederam-se a um ritmo interessante. Sem grande controlo sobre os destinos tive o privilégio de picar quatro continentes até ao dia em que passei a ser independente também nas viagens.
Partir deixou de ser apenas uma maneira de fazer férias ou de estar com amigos em qualquer parte. Tornou-se uma prioridade, algo que sigo por instinto, uma necessidade e sobretudo uma forma de equilibrar tudo o que se passa entre trânsitos, na vida do dia-a-dia.
Passados 25 anos e mais de 20 países, tentarei pela primeira vez escrever alguma coisa que outros possam ler sobre os sítios onde vou estar nos próximos tempos.
Deixando para trás as muitas horas passadas num escritório em Argel, numa vila da qual eu era o único habitante fica apenas uma decisão que nasceu no silencio. Nas próximas cinco semanas estarei na Índia e no Nepal e conto fazer neste blog, tantas vezes quantas forem possíveis, um relato que será mais tarde e com outra calma, readaptado em dicas de viagem que tiver a sorte de ir descobrindo.

domingo, 26 de julho de 2009

compras aí, courses ici

Quando cheguei a Argel há uns meses atrás, lembro-me de que uma das coisas que me fizeram relativa confusão foi o facto das lojas alimentares, mesmo as maiores, serem muito pequenas quando comparadas com o que estamos habituados em Portugal. Achei que ia ter dificuldade em encontrar algumas das coisas que me pareciam na altura essenciais para uma vivência superior à sobrevivência.
Há uns dias a Sandra foi às compras, e apesar de estar no Brasil também ela não encontrou todos os produtos da lista.

a seu tempo

Devia lembrar-me mais vezes das aulas de musica que tive quando era pequeno. Afinal, muito mais do que uma questão de notas a musica é também uma questão de tempos que têm obrigatoriamente de ser respeitados.

Muitos anos depois percebo finalmente porque é que o meu teclado não soava como o dos restantes. Poderia justificar-me com um problema de coordenação ou de falta de “ouvido” mas a verdade é que só agora vejo o quão me é difícil entender e conviver com os tempos de outros.

sábado, 4 de julho de 2009

medi + terraneus

Vontade imensa de atravessar isto por tempo indeterminado, fazer desafios sem medo das consequências, responder a outros tantos sem medo de errar. O verão está mesmo aí!

quarta-feira, 1 de julho de 2009

disturb... but only for good reasons

É fim de semana e ao contrário de há uns meses atrás, estes dias são meus. Obrigado, bom dia e até sábado.
(Oran)

domingo, 28 de junho de 2009

back to school

O Peugeot preto ia invariavelmente carregado com um ano de coisas para cada último exame da época de verão. Lembro-me perfeitamente de ser o exame em que estava mais concentrado, mas ao mesmo tempo aquele em que sentia menos pressão. Lembro-me como se fosse hoje de sair da sala, falar com os amigos, de falar dos planos para os próximos dias, dos encontros em qualquer parte, de partir sempre sozinho para sul.

Acredito que cada um de nós, tenha ou não os seus rituais, sabe que aquele último dia tem um sabor irrepetível a liberdade inútil, tão útil.

sábado, 27 de junho de 2009

África bohemia

Apesar de saber que os animais do Sahara são os dromedários, também sei que na Argélia não há cerveja Sagres, logo... alguma coisa de muito errado se passa nesta imagem.
Ah não!! Esperem!! Foram apenas a vontade de rever os amigos e gritá-lo bem alto que me fizeram lembrar desta fotografia. Até já!

united colors for dinner

Apenas um prato, não é sinónimo de falta de côr numa refeição.

on y va?

Porque as férias se aproximam e a calma pode ter muitas moradas, é hora de reflectir, mas não muito!

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Michael Jackson

Para mim, até hoje, apenas a Farrah Fawcett podia figurar num dead or alive quiz.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

ups!

No meio de um trabalho chatíssimo acerca do mercado de materiais de construção na Argélia, descobri isto:

Este é daquele tipo de coisas que me faz perguntar quantas vezes temos de errar até acertar? Até descobrir o que queremos estar a fazer daqui a 10 anos.

mais uma divisão

Das duas janelas do escritório vejo os dois habitantes mais velhos desta casa.

O cerrado abeto e a grande buganvília, agora colorida pelo verão, mantêm a dignidade de outros tempos no meio de um jardim que cresce aparentemente selvagem.

Não é à primeira visita um jardim muito acolhedor, não cativa pelos cheiros marcados, nem pelas cores vivas e muito menos pelo ar cuidado e geométrico. Não está cá para receber piropos, faz apenas o que lhe compete. A sombra cerrada, ajuda o fresco a abrigar-se aqui nos dias de calor insuportável do outro lado da vedação. O verde de que reveste a antiga casa não deixa que se perca a sensação de antiga gloria colonial, sítio de histórias, de festas, de tempos bem melhores que os de agora.

- Gosto à brava deste jardim! – despretensioso, que vive por si indiferente aos outros mais bem tratados que consegue ver da alta copa do velho abeto, que vive bem com a água que cai e com aquela que aproveita com falsa indiferença quando por algum acaso ou pelos dias menos ocupados alguém se lembra de lhe dar, que fica tão bem no fundo de um arraial como no dia em que, bem comportado, recebe um jantar com velas.

- Gosto à brava de pessoas assim! – despretensiosas, que vivem por si e para si, que vivem bem com aquilo que conseguem mas não escondem a alegria quando os velhos amigos os visitam ou descobrem outros, que adoram uma casa bem decorada e uma mesa apetecível mas que sem pensar duas vezes as trocam por uma única paisagem, mesmo que esta não valha a pena.

terça-feira, 23 de junho de 2009

i can get ... satisfaction

Hoje acordei com uma vontade enorme de descer a Boulevard Colonel Bougara, virar em Porto Côvo, meter pela Didouche Mourad até lá abaixo ao centro de Argel e enfiar os pés na areia dos Aivados.

Falta menos de um mês e sei que a parte de mim que quer ir a casa é a mesma que quer que o tempo passe devagar, para aproveitar mais. Aproveitar o que faltou até agora ou tudo aquilo que merece ser repetido.

sábado, 20 de junho de 2009

o meu verbo

Sempre disse que o meu verbo era o "ir" até ao dia em que percebi que conjugava bem melhor o "viajar".

Por coincidência, ou não, descobri hoje que "reis" significa viagem em holandês. E esta pai?

segunda-feira, 15 de junho de 2009

keep it simple... please

Perdi a noção do tempo naquele final de tarde quente em Lisboa. Não me lembro se foram muitos ou poucos os minutos que passei na secção de viagens da livraria. Recordo-me apenas dos livros que escolhi, cinco, que empilhei cuidadosamente por tamanho ao meu lado sobre o banco de couro onde me sentei. Sei que durante um bocado não voltei a olhar para eles. Perdi-me nas lombadas dos outros, os que estavam ainda nas estantes à minha frente.

A verdade é que não pensei em coisas de grande profundidade e que com certeza ficariam bem, escritas num grande parágrafo. Foi simplesmente o pensamento antigo de viajar sozinho que me fez olhar novamente para a pilha em cima do banco, olhar uma ultima vez antes de lhes pegar e me dirigir à caixa. Depois de sair dali, percebi que já não havia volta. Enfiei tudo o que me pareceu necessário numa mochila nessa mesma noite. Mal dormi. Comprei um bilhete na manhã seguinte e parti ao inicio da tarde voltando a casa um mês depois.

Lembrei-me disto hoje, a meio de uma conversa onde alguém me disse qualquer coisa sobre o facto de as pessoas passarem demasiado tempo a pensar nas coisas, perdendo energias que podiam utilizar a fazê-las. Bem visto!

sábado, 13 de junho de 2009

Yaum as-Sabt, ou o primeiro dia da semana

Sem entrar no que é legitimo ou não pedir, se é fútil ou altruísta, extravagante ou modesto, possível ou impossível, nesta tarde de sábado apetecia-me estar neste sítio:

Chama-se Biarritz. Não é um lugar alternativo, nem sequer é longe ou muito menos é exótico. Para mim é apenas a prova de que existem de facto sítios aos quais sentimos uma ligação inexplicável, sítios onde podíamos voltar sempre, mostrá-los a cada vez que aparece alguém a quem queremos arrancar um sorriso enorme sem dizer absolutamente nada.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

10 de junho

Trocava os sapatos pelas havaianas, a camisa pela t-shirt, as calças pelos calções, a mesa dos acepipes pelo grelhador, a carne de carneiro pelas sardinhas, o jardim da casa do embaixador pelo quintal cá de casa. Os amigos que cá estão, esses não os trocava, apenas juntava os outros, os que estão em Portugal, em Espanha, em Inglaterra, na Malásia ... 
No fim das contas até deixava os sapatos, a camisa, os acepipes, o carneiro e o jardim da casa do embaixador...
(e que a minha avó nunca saiba que nenhuma das peças de roupa que levo vestida não foi engomada, desculpa)
(de um sítio longe como tudo, chegou o reparo os que estão em em vez de os de)

Roma


Gaetano Cellini, pintor e escultor italiano do fim do século XIX, inicio do século XX. Lembrei-me dele num café "algures", há já umas semanas atrás. 
L’umanità contro il male de 1908, prendeu-me uma boa meia hora numa das salas da Galleria nazionale d'arte moderna e contemporanea de Roma. Fica a sugestão para quem quiser dar uma folga ao império romano, ao renascimento e ao Vaticano.

(Não tenho nenhuma fotografia, fica no entanto um desenho que encontrei na internet, que apesar de ser muito bom não é bem a mesma coisa)



free meals

Sei que este texto até pode tocar, em alguns pontos, o das aulas de francês. No entanto é daquelas respostas que gostava de ter dado, daquelas respostas boas das quais só nos lembramos depois, quando já não há nada a fazer, quando o timing já se perdeu. 


Apesar de despojada de qualquer design, luzes sobre as bancadas de azulejo encarnado, ou cortinas em tecido acolhedor, a cozinha da grande vila onde vivo em Argel está agora francamente mais viva do que aquilo que recordo do dia em que cheguei.

Já perdi a conta aos convívios que aqui se fizeram e às pessoas que por aqui passaram, mas nunca me esquecerei das amizades que cresceram à volta da mesa onde invariavelmente as toalhas se improvisam com desenhos técnicos, onde os pratos iguais nunca chegam para todos tal como as cadeiras que vêm ora do jardim ora do escritório.

Talvez seja pela comida, sempre a piscar o olho a Portugal (mesmo quando sou eu que faço a ementa, não é Paulo?), talvez seja pela boa disposição e as horas de conversa que quase sempre nos abstraem do exterior, o que é certo é que nunca me lembro de ninguém ter saído daqui a sugerir mudar o que quer que fosse nesta divisão.

A cozinha não é minha nem nunca será, tal como o país que nos recebe também não mudará nunca de margem no mediterrâneo (até porque seria uma chatice encaixar isto onde quer que fosse). Muito pouca coisa vai ficar diferente quando nos formos embora, pouca coisa excepto nós, os que passámos pela cozinha, pelo país, nós que tivemos a paciência de deixar passar a vontade de querer mudar aquilo que não é mutável nem faria sentido se o fosse, de entrar na cabeça dos outros com as nossas próprias medidas, que aprendemos a chegar a outra casa apenas para saborear a refeição, contar histórias e ouvir outras tantas.

embrulhe Sra. Engenheira

segunda-feira, 8 de junho de 2009

SAHABANE

Atravessámos a pequena aldeia deviam passar poucos minutos das seis da tarde. Há cerca de uma hora que procurávamos, entre povoações perdidas no mar de areia, o melhor sítio para tirar umas fotografias. A hora e meia seguinte passou  sem eu dar conta, entre fotografias, conversas, exclamações e o aguardado pôr do sol.

No regresso, o mesmo caminho mas sem a fúria da busca, a mesma aldeia, as mesmas casas, as mesmas ruas, talvez as mesmas pessoas – não me recordo bem.

As crianças brincam na rua às dezenas, os mais velhos sentam-se em grupos aproveitando do fim do dia a brisa e a luz já difusa. Faço o pequeno Suzuki avançar devagar, abro a janela, delicio-me com as pessoas. Numa carroça puxada por um burro, vão umas quatro ou cinco crianças, todas pequenas, oito anos o mais velho.  Uma das mais pequeninas sorri espontaneamente, faço-lhe um aceno, ela corresponde, os outros seguem-lhe o exemplo. Nesse momento tiro a melhor fotografia da tarde, a única que não posso editar, imprimir nem enviar aos amigos. Guardo-a comigo na esperança de que o tempo não a deixe perder-se na minha memoria.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

le course de française

As aulas de francês sempre foram uma espécie de realidade paralela na minha estadia em Argel.

Ainda antes das nove horas, encostei-me a uma janela do primeiro andar que dá para o pátio do centro cultural francês, passavam já quase três semanas desde a minha ultima aula e as sensações que costumava sentir voltavam agora lentamente à minha memoria.

Para lá do pátio, o grande prédio colonial de arquitectura simétrica e janelas dispostas em quadricula domina a paisagem. Só não se torna enfadonho porque aparentemente nenhum dos que lá habita olha para fora de maneira igual.

As flores, as cortinas, a bicicleta, a gaiola, a mulher de roupão. Todos misturados e diferentes, mas juntos numa só fachada, diferentes mas juntos tal como os meus colegas, juntos na forma como prestam atenção às minhas descrições dos sítios que conhecem apenas dos livros. Diferentes, dando-me o privilégio de os ouvir, de me emocionar, de rir, de me fazer sentir grato por estar aqui.

improvisando com as outras inteligências

Hoje é um daqueles dias em que a liberdade, que vai chegar nos próximos meses, me sufocou de uma forma que me arrelia e me tornou o dia pesado juntamente com o calor de África.

Penso com clareza, utilizo a inteligência que me foi dada em detrimento de outras, ponho o pensamento lógico-matemático a funcionar e afinal, escolho sem dificuldade a resposta – nenhuma das anteriores – é que sem os dados suficientes não vale sequer a pena procurar, por antecipação, uma resposta com uma só solução.

Encosto-me na cadeira, esboço um sorriso e penso – bendito ar condicionado.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Al Qal'a ou Alentejo


Para os que ligam as semanas com fins de semana que não existem, há estradas que fazem a diferença por algumas horas, enquanto não chega a calma :                                                                     

"dicere"

Se alguém te telefonar ao final da tarde, te avisar que o presidente de uma Republica Democrática e Popular estará no teu stand amanhã para uma breve visita... Vou já comer uma maçã a ver se me passa esta acidez no estômago.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Lisboa

Eu preferia Camané, foi o pensamento que me assaltou minutos antes de entrar na esgotada sala Ibn-Zeydoun para ver Kátia Guerreiro. Pois só vos digo que o que acabou por salvar o dia foram as cerca de 200 fotografias que acabei por fazer, caso contrário, não sei o que teria acontecido comigo em Argel, apenas sentado numa cadeira, perante a brutalidade do que ali se passou. Irra!

 

iogurtes, terrenos vermelhos do miocénico e afins

Se um iogurte de coco fizer lembrar os dia em que se sai sozinho de casa para procurar uma onda decente, os amigos que vão chegando à praia a conta gotas depois de almoço, o adormecer com o reboliço para voltar a acordar com a calma do fim da tarde, o ficar até ao por do sol com a pressa que não chega, outras coisas que nunca lá estiveram mas que de repente aparecem lá, então das duas uma, ou o raio do iogurte está fora do prazo ou não obedece às normas de higiene da União Europeia.

meses que parecem horas

Paisagens a perder de vista, formações geológicas impressionantes, deserto, neve, tempestades de areia, gente nova, gente velha, gente velha que se tornou nova. 

Quatro meses depois, e a pedido de praticamente famílias nenhumas, declaro abertos os trabalhos.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

reSTART

"Uma mulher alemã de 52 anos, dada como desaparecida desde 1997 pela polícia do estado de Brandenburgo, foi encontrada esta segunda-feira num bosque nos arredores de Berna, na Suíça. A desaparecida estava a viver numa cabana improvisada."

in SOL